Por Janete Regina Sirichuki Carvalho
Estação Ferroviária localizada no Bairro dos Estados Foto Elis Oliveira |
Segundo o
historiador e ex-prefeito da cidade, Nivaldo Passos Kruger, o marco inicial do
bairro pode ser considerado a construção da estação ferroviária em 1954 (foto ao lado). Com a
chegada da estrada de ferro foi necessário construir a estação que serviria de
embarque e desembarque de pessoas como também de mercadorias. A construção está
localizada nos fundos da empresa Avipal. Para se ter acesso a um pouco da
história, basta seguir a rua do ginásio Santa Terezinha até o fim.
Como a
estrada de ferro começou a empregar os operários oriundos do fim do ciclo
madeireiro, iniciava-se um problema de ordem social: onde abrigar os operários
e suas famílias? Ainda segundo o ex-prefeito, o orçamento da prefeitura era
muito baixo, extremamente dependente das receitas vindas do estado, não
possuindo ainda um sistema de receitas automáticas, como funciona hoje o
sistema tributário. Com esse problema em mãos, o ex-prefeito concedeu uma
entrevista à rádio Difusora em 1964, expondo então o problema. Para seu
espanto, como ele mesmo frisou, três dias após a entrevista, o padre Cebula da
capela Bom Jesus o procurou para fazer uma doação. Disse, o padre, que havia
recebido um dinheiro para obras sociais vindo do projeto Cáritas social e
gostaria de doar essa verba para contribuir em favor do problema dos operários.
Então repassou ao Sr. Nivaldo Passos Kruger nada mais, nada menos do que
cinquenta mil marcos alemães!
Primeiro núcleo habitacional na cidade de Guarapuava Foto Elis Oliveira |
Depois desse
episódio, o Bairro dos Estados iniciou o seu desenvolvimento. A partir de
então, ele já não era apenas um campo onde os fazendeiros proprietários de
vacas levavam os animais para pastar. Também tinha ficado para trás o campo de
corrida de cavalos, pois era no Bairro que funcionava a pista de corrida, capaz
de reunir mais de mil pessoas de toda região em cada final de semana para
acompanhar os páreos. As estrebarias eram cuidadas por Nhô Benedito e sua
esposa Jovina, responsáveis pela manutenção e cuidado dos animais. Carreiristas
como Joaquim Manoel de Souza, o Poava, dono do cavalo “má notícia” e César
Lamenha de Siqueira, dono do animal “caroço”, foram capazes de proporcionar
corridas disputadíssimas, chegando a apostas em torno de 10 contos de réis. Com
o crescimento da cidade e a chegada da estrada de ferro que mutilou a pista o
interesse pelas corridas diminuiu até acabar-se por completo.
Com o início da construção das ruas no bairro, vieram os
nomes que existem até hoje. Rua Paraná, Rua Minas Gerais, Rua Santa Catarina,
Rua São Paulo, entre outras, que motivaram o batismo do bairro, como Bairro dos
Estados.
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